O Corinthians já tem pronta uma estratégia para defender Cristian na Justiça comum, se o jogador decidir pedir ajuda jurídica ao clube, no caso dos gestos obscenos que ele fez após seu gol contra o São Paulo, no último domingo, no Pacaembu.
A intenção do departamento jurídico corintiano, ainda de maneira preliminar e em caso de seus profissionais assumirem a defesa do jogador, é obter um habeas corpus para "trancar" o inquérito que está sendo conduzido pela Polícia Civil.
Por causa da comemoração do volante (com os braços cruzados e os dois dedos médios erguidos), o Ministério Público solicitou investigação do atleta.
Segundo o diretor jurídico do Corinthians, Sérgio Alvarenga, a medida de tentar parar investigação policial é cabível por se tratar de um ato que configura "falha procedimental".
"O inquérito policial, além de contrariar o comando legal, soa a mim como extremamente exagerado e desproporcional", afirma o dirigente, que ressalta não ter sido comunicado oficialmente sobre as ações da Polícia Civil. "Até agora só tive conhecimento do caso pela imprensa, mas o Corinthians dará toda assistência ao Cristian, se ele entender isso necessário."
Para Alvarenga, o caso não deveria extrapolar a instância desportiva --na sexta-feira Cristian será ouvido no TJD de São Paulo, que só deve julgá-lo após a primeira partida das finais do Campeonato Paulista.
A intenção ao se instaurar o inquérito e, consequentemente, levar a questão à Justiça comum é apurar se, com o gesto na comemoração, Cristian infringiu o artigo 40 da Lei de Contravenções Penais, que prevê pena de multa ou 15 dias a seis meses de prisão para quem "provocar tumulto ou portar-se de modo inconveniente ou desrespeitoso, em solenidade ou ato oficial, em assembleia ou espetáculo público, se o fato não constitui infração penal mais grave."
A ideia de pedir o envolvimento da polícia partiu do Ministério Público estadual. "No dia do jogo eu requisitei um inquérito contra o Cristian para ele explicar esse gesto", disse o promotor Paulo Castilho. "Se eu tivesse visto na hora, ele teria saído direto do estádio para o Jecrim", completa, citando o Juizado Especial Criminal, que tem sido testado como foro para julgar mais rapidamente casos de desordem nos estádios.
Segundo Castilho, a abertura do inquérito é uma forma de combater a violência no futebol. Ele relatou que, durante reunião na federação paulista, já havia pedido aos clubes semifinalistas do Estadual para que todos os envolvidos nos jogos evitassem atos que pudessem incitar brigas de torcidas.