Insatisfeitos, militares já falam em radicalizar

25/03/2009 14:09 - Maceió
Por redação
As tentativas de negociação com o governo do Estado para o cumprimento da Lei 6.823/2007, que assegura a aplicação do residual de 7% nos vencimentos dos militares, tanto para PMs como para bombeiros, estão se esgotando. Pelo menos foi isso que ficou claro após mais uma reunião, na manhã desta quarta-feira (24), dos representantes do Movimento Unificado da categoria com o secretário de Defesa Social, Paulo Rubim.

Demonstrando irritação, os líderes das associações militares (da ativa e da reserva) prometeram adotar medidas mais enérgicas daqui para frente. As ações das entidades devem ser pautadas em atos públicos em frente ao Quartel do Comando Geral (QCG) da PM, caminhada até o Palácio República dos Palmares ou até mesmo – em última instância – a deflagração de um aquartelamento de no mínimo 48 horas.

Tudo isso pode já acontecer nesta sexta-feira (27), a partir das 14h, durante a realização de mais uma assembleia geral do movimento, convocada para acontecer no estacionamento da Secretaria de Gestão Pública, que fica exatamente em frente ao QCG da Polícia Militar, no Centro. Os integrantes do movimento convoca a tropa em peso para comparecer ao ato.

Líderes das associações militares confeccionaram panfletos e faixas para a divulgação à tropa, principal interessada nas negociações salariais com o governo. Alguns deles estarão pessoalmente visitando, nesta quinta-feira, as unidades da PM e do Corpo de Bombeiros para articular a presença maciça na assembleia. Os militares do interior também devem participar do ato público. Veículos estão sendo providenciados para o transporte destes policiais e bombeiros até a capital.

As entidades que compõem o movimento foram convocadas pela Secretaria de Defesa Social para ouvir – desta vez da boca do próprio secretário Rubim – que o governador resolveu “fechar os cofres do Estado” por conta do impacto provocado pela crise mundial. No entanto, já é de conhecimento da imprensa que o Balanço Geral do Estado, com dados de 2008, constatou que a receita orçamentária arrecadada pela administração direta teve um acréscimo de 17,18%, o equivalente a mais de R$ 658 milhões.

Segundo o presidente da Associação dos Cabos e Soldados, Wagner Simas, estes números foram apresentados em outras reuniões para os representantes do governo e que integram a mesa de negociação salarial dos militares. No entendimento do soldado Simas, o governador insiste em um assunto contraditório.

“Estamos ‘alisando’ demais. Toda vez somos convocados pelo governo para uma reunião onde a pauta gira em torno da lei. Se é lei deve ser cumprida e não discutida. Estamos nos humilhando cada dia mais para o governador e não estamos vendo nada. Tinha certeza que desta reunião [a que ocorreu nesta quarta-feira] não iria sair nenhuma novidade”, analisou o presidente da ACS.

Conforme antecipou Paulo Rubim, o governador vai anunciar – em coletiva com a imprensa – um posicionamento acerca da situação financeira do Estado. A entrevista será concedida no auditório do Palácio República dos Palmares, às 9h desta sexta-feira. “Não tenho nada a dizer para vocês hoje. Peço que aguardem o pronunciamento do governador para tomar as medidas que acharem convenientes. Se é cumprimento da lei, o melhor é correr atrás disso depois de saber o que o governo tem a dizer”, aconselhou o secretário.

O presidente da Associação dos Oficiais Militares da Ativa, major Wellington Fragoso, disse ao secretário de Defesa Social que a crise mundial ainda não afeta a economia do País, portanto não poderia ser o discurso adotado pelo governo de Alagoas na negociação com as associações.

“Já temos conhecimento que ele [o governador] vai anunciar que não há dinheiro e que qualquer pauta de reajuste será descartada. Ele deveria observar que a instituição Polícia Militar é a única que enterra companheiros de farda com frequência, que arrisca a vida da tropa todos os dias. Outras categorias são beneficiadas com reajustes astronômicos – como é o caso dos procuradores – enquanto outras lutam apenas pelo cumprimento da lei e não são atendidas”, declarou Fragoso.

Com o mesmo argumento, o presidente da Associação dos Subtenentes e Sargentos, sargento Theobaldo, afirma que o momento é de fortalecimento da tropa em torno do anseio salarial. De acordo com o líder, o Movimento Militar estaria disposto a tudo para assegurar o direito da categoria.






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