Um por cento da população adulta detém 40% da riqueza mundial, indica estudo

24/03/2009 11:23 - Brasil/Mundo
Por redação

Dois quintos da riqueza mundial estão concentrados nas mãos de 37 milhões de indivíduos, ou 1% da população adulta, segundo indica um estudo da Universidade das Nações Unidas lançado em Londres nesta terça-feira.

Se considerados os 10% mais ricos do mundo, a proporção da riqueza mundial nas mãos desse grupo é de 85,2%. Na outra ponta, os 50% mais pobres do mundo são donos de apenas 1% da riqueza global.

O estudo, compilado no livro "Personal Wealth From a Global Perspective" (Riqueza pessoal a partir de uma perspectiva global), é a mais ampla iniciativa para investigar o tamanho da desigualdade na distribuição da riqueza pelo mundo.

Efeito positivo

Segundo o coordenador do estudo, o economista James Davies, um pequeno grau de desigualdade entre os países tem um efeito positivo para o desenvolvimento, por servir como incentivo ao empreendedorismo.

"Os candidatos a ser empreendedores precisam ter algum incentivo, precisam pensar que podem ficar ricos, para se aventurarem", diz.

Davies comenta que os países ricos, durante seu processo de desenvolvimento nos séculos 18 e 19, tiveram um aumento na desigualdade em um primeiro momento, seguido de uma redução, provocada principalmente pela elevação do nível de renda da classe média.

Segundo ele, muitos países em desenvolvimento acelerado-- como a China, por exemplo - podem estar seguindo esse padrão hoje, com um aumento na desigualdade.

Mas ele adverte que a desigualdade extrema - como no caso do Brasil - é prejudicial ao crescimento econômico. Segundo ele, a desigualdade deve ser combatida principalmente em setores como educação.

Concentração entre países

A compilação de dados das pesquisas coordenadas por Davies mostram também o nível de concentração da riqueza individual entre os países.

Dois países --Estados Unidos e Japão-- concentram 64,3% dos indivíduos entre o grupo de 1% mais ricos do mundo. O Brasil tem 0,6% dos indivíduos nesse grupo, que representam aqueles com patrimônio superior a US$ 512,4 mil.

Entre os 10% mais pobres do mundo, 26,5% estão na Índia, 6,4% na China e 2,2% no Brasil. Os Estados Unidos têm apenas 0,2% de sua população nesse grupo, com patrimônio total inferior a US$ 178.

Os dados da pesquisa mostram ainda que, apesar do forte crescimento da China nas últimas três décadas, os chineses ainda concentram apenas 2,6% da riqueza mundial, apesar de representarem 22,8% da população.

Os indianos, que são 15,4% da população mundial, detêm 0,9% da riqueza global. Na África, que tem 10,2% da população, está apenas 1% da riqueza mundial.

Na outra ponta, a América do Norte, com 6,1% da população mundial, concentra 34,4% da riqueza, enquanto a Europa, que tem 14,9% da população, detém 29,6% da riqueza.

O grupo de países ricos da Ásia e do Pacífico, que inclui o Japão, tem apenas 5% da população mundial, mas concentra 24,1% da riqueza global.

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