Homicídios: a triste lição nordestina

25/08/2016 11:01 - Bene Barbosa
Por Bene Barbosa
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De acordo com o Mapa da Violência 2016 das 150 cidades com maior taxa de homicídios com o uso de armas de fogo no Brasil, 107 estão no nordeste. Uma triste realidade que traz, ou deveria trazer, à tona duas verdades incontestes: o desarmamento fracassou e desenvolvimento econômico não significa menos crimes.

Desde os anos 2000 a região nordestina é destaque nas tais campanhas de desarmamento com adesão notável dos cidadãos honestos que, de boa-fé, entregaram armas e munições ao governo que prometeu em contra partida, além do pagamento de alguns trocados – e que em muitos casos nem isso cumpriu dando o mais puro e simples calote -, trazer mais policiamento, mais proteção, mais segurança ao cidadão... Promessas, promessas... Na questão da venda legal o nordeste também se destaca no cenário nacional e de acordo com dados da Polícia Federal essa é a região com o menor número de armas legais vendidas e registradas. Não deixo de fora também o grande número de armas apreendidas pelas forças policias, muitas vezes de sitiantes e pequenos comerciantes que sem outra opção as possuíam de forma ilegal para sua proteção. O desarmamento foi um sucesso ao desarmar o cidadão, mas como vemos pelos números de guerra civil, não passou nem perto de impedir que criminosos continuassem se armando. O desarmamento foi um fracasso e ponto final.

Outro paradigma quebrado é a velha questão apresentada por muitos sociólogos de que o desenvolvimento econômico e a melhor distribuição de renda são fatores primordiais para redução da criminalidade. Oras, se isso fosse verdade, com a expansão de polos econômicos, melhor distribuição de renda e do crescimento do poder aquisitivo nos últimos anos, a região nordestina, mais uma vez destaque também nesse quesito, teria uma obrigatória redução em suas taxas criminais. Não aconteceu, muito pelo contrário! Derrotada a tese de esquerda que o crime é fruto da desigualdade social, uma tese preconceituosa que acusa os mais pobres de serem os responsáveis pelo cometimento de crimes.

Como bem define o psiquiatra e escritor britânico Theodore Dalrymple, a raiz da criminalidade não está na pobreza material e sim na miséria moral, na certeza da impunidade e no discurso de que o bandido, aquele que puxa o gatilho ou empurra a faca não é responsável única e exclusivamente pelos seus atos.

Que dentro dessa catástrofe nordestina, imbuídos com uma coisa chamada honestidade intelectual, nossos governantes possam aprender com essa triste lição e mudar de uma vez por todas o foco da nossa (in) Segurança Pública.

Dicas de leituras:
A vida na Sarjeta: http://livraria.mvb.org.br/a-vida-na-sarjeta
Mentiram Para Mim Sobre o Desarmamento: http://livraria.mvb.org.br/mentiram-para-mim-sobre-o-desarmamento

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