Armas: a opinião e os nossos 60 milhões de votos

22/08/2016 14:51 - Bene Barbosa
Por Bene Barbosa
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Em um artigo intitulado “agenda paralela dos militares” a colunista do jornal Estado de São Paulo e comentarista da Globonews Eliane Cantanhêde abordou em tom pouco cordial e isento uma série de temas relativos aos projetos que dizem respeito às Forças Armadas brasileiras. Não vou aqui me entender sobre tais projetos que jocosamente ela batiza de “agenda paralela” como se fossem algo proibido, indecente ou desonesto. Vou me ater em um ponto específico, um trecho, uma frase para ser mais exato: “A sociedade em geral é contra as armas, mas atiradores, caçadores e colecionadores pressionam por mais facilidade para compra, venda e registro”.

Como é? A sociedade em geral é contra as armas? Vamos lá! Contestada por um leitor chamado Paulo Vieira que pelo Twitter sugeriu que a jornalista consultasse no site do STE o resultado do referendo de 2005, resultado esse onde quase 60 milhões de brasileiros, perfazendo 2/3 dos eleitores, disseram NÃO ao desarmamento, a resposta da colunista foi sentencial: “Eu sou contra as armas!”. Ela acredita que em seu mundo de fantasia autoritária a sua opinião pode ser transformada em opinião pública, sem qualquer problema ou consequência? Pode ser um caso de megalomania ideológica, mas acho que não é o caso. Já vi isso acontecer muitas e muitas vezes...

Não são poucos jornalistas que se fecham em seu mundinho, trocam figurinhas entre seus pares e não raramente conversam apenas com aqueles que comungam do mesmo viés. Reúnem-se para um gostoso happy hour em barzinhos descolados da Vila Madalena ou do Leblon – locais conhecidos por abrigar a mais fina flor da esquerda caviar tupiniquim - e pronto: travestem o jornalismo de opinião com ares de representatividade social. É a opinião publicada tratada como se opinião pública fosse. Algo absolutamente inaceitável que destrói a obrigação basilar de qualquer jornalista sério que é de informar.

Mas há vezes que a opinião pública verdadeira mete o pé na porta das redações... E é divertidíssimo!   Em vídeos disponíveis no Youtube (links ao final deste texto) há dois exemplos fantásticos do que acontece quando um jornalista sai do barzinho da Vila Madalena e coloca os pés no boteco do Seu João. Em um desses vídeos a apresentadora Maria Beltrão do programa Estúdio i da Globonews leva um susto quando 84% dos telespectadores votaram em favor do uso de armas pela população. Com o apresentador César Filho, ferrenho defensor da rendição aos criminosos (a não ser quando a vítima é uma colega de emissora), não foi diferente e ao apresentar a enquete sobre o PL3722/12, que visa devolver ao cidadão o direito à legítima defesa com armas, o rapaz até engasgou com o massacrante resultado de 95% favorável ao mesmo.

Vou terminando por aqui com a frase “sou contra as armas”, proferida pela Eliane Cantanhêde, ainda martelando em minha mente... Seria ela contrária também às armas usadas pelos seguranças da família Marinho ou dos donos do jornal Estadão? Seria contra as armas dos seguranças que garantem a tranquilidade dos estúdios da Globonews? Os seguranças do Estadão trabalham portando buquês de flores?  Gostaria muito de vê-la opinar sobre isso e pedir o imediato desarmamento desses agentes particulares. Sei que isso não vai acontecer e, sendo assim, me contento com um jornalismo honesto. Ou será que é pedir demais?

Íntegra do artigo “Agenda paralela dos militares” – nota: pelo que parece a tal maioria citada pela autora não deu as caras nem nos comentários... - http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,agenda-paralela-dos-militares,10000070926

Vídeo enquete na Globonews: 

 

Vídeo enquete na Record:

 

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