Empresários e servidores da CEF estão envolvidos em fraude milionária, diz PF

28/04/2016 11:36 - Polícia
Por Vanessa Siqueira / Maria Alliny Torres*
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A Polícia Federal realizou uma coletiva, na manhã desta quinta-feira (28) para dar detalhes da Operação Cabala, que investiga um esquema fraudulento com a participação de empresários da construção civil, contadores, funcionários de cartório e funcionários da Caixa Econômica que usava subsídio do programa Minha Casa, Minha Vida, para cometer o crime. Segundo o delegado Antônio Carvalho, a quadrilha transformou a cidade de Teotônio Vilela em uma “bolha imobiliária”.

A própria Caixa Econômica identificou em 2013 os indícios de irregularidades no município na construção de 1691 casas do Conjunto Antônio Cosme de Amorim e denunciou o fato à Polícia Federal. Durante a coletiva, o delegado explicou que as construtoras “fatiaram” o município entre si para construir as residências e as vender para pessoas de baixa renda da região, muitas delas recebem sobrevivem de benefícios do Governo Federal.

“As construtoras Lar do Sonho, Casa Nova, Eline, LSS Incorporadora e SJ Construtora transformaram Teotonio Vilela em uma bolha imobiliária. Elas construíam casas pelo Minha Casa, Minha Vida e tinham como alvo de venda pessoas de baixa renda. A maioria dos imóveis eram financiados para pessoas que só possuiam a renda do bolsa família, de 170 reais.. Porém a Caixa começou a desconfiar quando constatou um volume de pessoas que pagavam apenas duas ou três parcelas do financiamento e paravam, o que acabou gerando o prejuízo de R$ 220 milhões”, explicou.

Segundo as investigações da Polícia Federal, os empresários e construtoras agiam como agiotas, financiando quantias para as pessoas interessadas em adquirir um das casas do residencial. Outro detalhe constatado pela PF é que as construtoras também agiam em Propriá (SE), Serra Talhada (PE), Paulo Afonso (BA) e Ouricuri.

De acordo com o delegado, o próximo passo das investigações será ouvir servidores da Secretaria de Finanças do município para entender como era o processo de concessão de licença para as construções. Por enquanto, a PF não identificou a participação de gestores municipais no esquema.

Ao todo, 37 pessoas foram conduzidas para a sede da Polícia Federal em Maceió para prestar depoimento, dessas 11 são empresários de construção civil, 14 funcionários da Caixa e o restante são funcionários de cartórios e contadores. Foram cumpridos 27 mandados de busca e apreensão, 27 mandados de sequestro e a inquirição de 40 pessoas envolvidas no esquema.

Em nota, a Caixa informou que submeteu os empregados envolvidos na prática ilegal para um processo de apuração interna, e que já resultou em demissões e suspensões de seus postos de trabalhos. O banco ressalta ainda que continua contribuindo integralmente para investigações dos órgãos competentes.

O delegado informou ainda que os empresários serão indiciados por associação criminosa, uso de documentos falsos e em um artigo que prevê punição para quem obiver financiamento de forma ilegal.

Leia também: CEF diz que fraude investigada pela PF foi identificada pelo próprio banco

 

Leia a nota da Caixa na íntegra:

Com relação à operação "Cabala" deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (28), a Caixa Econômica Federal informa que a fraude foi identificada pelo próprio banco por meio de mecanismos de controle interno.

A CAIXA encaminhou notícia-crime à Policia Federal para apuração da ação e submeteu os empregados envolvidos a processo de apuração interna, que já resultou em demissões e suspensões.

O banco ressalta ainda que continua contribuindo integralmente para investigações dos órgãos competentes.

*Colaboradora

 

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