Advogado denuncia que foi agredido e humilhado por policiais militares

03/02/2016 19:08 - Polícia
Por Guilherme Carvalho Filho*
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O advogado Roberto Lima narrou, nesta quarta-feira (3), momentos de terror que foram protagonizados por militares do Batalhão de Rádio Patrulha (BPRp), em Maceió, no último domingo (31), momentos após ter chegado ao Bloco Bonecas da Serraria, que saiu desfilando pelas ruas da parte alta de Maceió. Ele diz que quando chegou ao local a festa já tinha acabado, mas as pessoas resolveram ficar mais um pouco ouvindo músicas em seus sons automotivos. “O dia estava seguindo em verdadeira paz, sem confusões ou desentendimentos. A RP chegou e, sem motivos, acabou com a alegria de forma brutal. Eles agrediram, atiraram e humilharam as pessoas”, afirma, em seu post.  

Ele afirma que o cenário era de guerra. “Um dos policiais gritou: “bora, sai, sai”. Na minha inocência, perguntei o que estava acontecendo, quando me responderam de forma bastante grosseira. Eles não chegaram tranquilamente com o intuito de acabar com o evento. Me identifiquei como advogado e a partir daí o circo de horrores começou para meu lado. Imediatamente fui agredido com duas tapas no rosto. Um dos agentes da Segurança Pública ainda lançou spray de pimenta em meus olhos. Fui jogado ao chão, algemado e colocado dentro da viatura, onde eles (os policiais) ficaram comigo rodando por horas”, contou.

Em seu post no Facebook, ele narrou ainda que, durante o tempo que estava na mala, os PM’s paravam a viatura constantemente. “Eu, desesperado, insistia que não conseguia respirar. Em momento posterior a viatura parou novamente, foi aí que as humilhações prosseguiram: é nessa viatura que tá o advogado? Desce advogadozinho de merd*! Foi nessa hora que me tiraram da viatura e foram me conduzindo para a viatura da frente onde estava outra pessoa, então foi aí que perguntei: precisa disso (sic)?”.  

O advogado diz que, após passar durante muito tempo sob o poder dos homens da lei, foi conduzido à Central de Polícia. “Eu era o único algemado no distrito policial. Eles fizeram um Termo Circunstanciando de Ocorrência (TCO) em meu desfavor. Os PM’s deram falsas declarações para justificar a ação desproporcional, descabida, desumana, violenta e criminosa que foi praticada”, frisa.

Roberto Lima informou que esteve no Instituto Médico Legal (IML) e foi submetido ao exame de corpo delito. “Entrei em contato com a OAB protocolando uma representação contra a guarnição. Essas pessoas travestidas de policiais devem ser punidas”.

Em seu desabafo na rede social, o advogado relembrou o caso Amarildo, que ganhou grande repercussão na imprensa nacional. Ele sumiu após ser levado por policiais militares para ser interrogado na sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), no Rio de Janeiro. As investigações apontam que o ajudante de pedreiro foi torturado até a morte. 12 dos 15 policiais denunciados foram condenados.

“Só pedi a Deus conforto e perdão pelos pecados, pois não sabia o que aconteceria dali para frente. O que eu quero é que a Justiça seja feita. Esse caso não pode ficar impune”, conclui Roberto Lima.

Um vídeo relacionado caso do advogado está sendo compartilhado pelas redes sociais. Nas imagens, é possível ver os PM’s atirando, possivelmente com balas de borracha, numa moça que estava de blusa rosa. Ela não foi identificada. As imagens ainda mostram um homem também sendo atingido.

Para falar sobre o assunto, a reportagem do CadaMinuto tentou contato com a assessoria de Comunicação da Polícia Militar de Alagoas, mas o telefone estava desligado. Este veículo está à disposição de maiores esclarecimentos por parte da Corporação.

Veja o vídeo publicado nas redes

*colaborador

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