Entre ser mulher, negra e deficiente, sinto que sou mais discriminada nos bancos pela cor da minha pele.

06/06/2010 17:59 - Raízes da África
Por Arísia Barros


Diversidade é o discurso contemporâneo da legitimação do diferente. A consciência do SER profundamente enraizada na cultura do direito individual, como bem social e coletivo. Equidade!
Desde o Brasil colônia o povo negro foi estigmatizado com o inadequado sentido da “coisificação” assumindo o incomodo lugar movediço de mero objeto produtivo. Era preciso produzir para ter serventia e negros doentes eram “produtos” desqualificados.
Apesar dos 122 anos que nos separam da abolição inacabada, o imaginário social cristalizou, como se fosse uma imagem geracional, a falsa e racista concepção da inferioridade étnica da população negra.
Estigma que funciona como instrumento de controle social para desvalorizar, desacreditar e marginalizar uma população que na atualidade ainda sofre o emprego ideológico da história que alicerçou memórias segmentadoras.
Como é ser negro e deficiente no Brasil?
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (2004) existem quase 25 milhões de deficientes físicos no Brasil, 47% dos quais são negros (11.649.256)
No tocante à distribuição geográfica as regiões Norte e Nordeste têm 16,1% e 16,7 % dos deficientes ao passo em que 12,9% estão no Sudeste.
Quais são os estudos existentes no Brasil sobre as características estigmatizadas – ser negr@ e deficiente físico?
Qual o lugar social do personagem de Monteiro Lobato, Saci-Pererê, um deficiente negro?

A deficiência como hiato racial entre negros e brancos.

Muita gente apresenta certo “desconforto’ ao compartilhar o espaço com uma pessoa deficiente, e se o deficiente for negr@...
“B. foi contratada por uma instituição financeira dentro da cota para deficientes exigida pela lei. Logo nos primeiros dias de trabalho, ela sentia os olhares atravessados e a cara fechada das pessoas, principalmente no elevador. Uma gestora que trabalha no seu departamento nem a cumprimentava, mesmo após os insistentes “olás” de B. Daí para as piadinhas racistas foi um passo.
“Até o dia que me irritei e cobrei o fim das piadinhas de negro. Exigi respeito e, a partir do momento em que as pessoas me viram andando com o pessoal do Sindicato, as piadinhas pararam”, conta.
B. é a única negra no seu departamento. Segundo o Mapa da Diversidade, o número de bancários negros representa menos que 3% da categoria. “O número de negros é extremamente baixo e talvez isso reforce o preconceito.
Entre ser mulher, negra e deficiente, sinto que sou mais discriminada nos bancos pela cor da minha pele”, diz B.
A síndrome Down pode não fazer distinção de cor antes do nascimento, mas há fará alguns anos depois. Um estudo realizado em 2001 pelo Centro de Controle de Doenças e Prevenção dos Estados Unidos concluiu que, em média, brancos com a síndrome vivem o dobro do tempo que os negros. Como especialistas ainda não sabem explicar o porquê de tamanha disparidade, o assunto ainda merece mais pesquisas. (Paulo Alberto Otto, da Universidade de São Paulo (USP).
Porque os/as pesquisadores não despertaram para o território de investigação sobre a mortandade de downs negros?
Segundo um site na internet: “É fundamental deixar claro que entre os surdos há uma série de subgrupos: ser surdo negro não é o mesmo que ser surdo branco ou rico ou pobre ou mulher”
Nada é mais eficiente em sua deficiência do que o racismo brasileiro!

 

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